Reduzir a pegada de carbono do gado de corte em sistemas de confinamento é um desafio complexo que demanda uma abordagem integrada e estratégica. Isso envolve a adoção de práticas de manejo aprimoradas, o uso de tecnologias inovadoras e a implementação de programas de melhoramento genético voltados para maior eficiência produtiva e ambiental.

Somente com a combinação coordenada dessas ações é possível mitigar as emissões associadas à terminação intensiva de bovinos, ao mesmo tempo em que se mantém a rentabilidade e a competitividade do sistema de produção.

Melhorar a eficiência com que o gado de corte converte ração em carne é uma das estratégias mais eficazes para reduzir as emissões de metano por quilograma de carne produzida. Intervenções nutricionais, especialmente o uso de aditivos alimentares, têm mostrado resultados promissores nesse sentido, particularmente em sistemas de confinamento.

Estudos^18–21 demonstram que o aditivo funcional Selko LactiBute promove a saúde do intestino grosso, resultando em melhorias significativas na eficiência alimentar e na saúde geral dos bovinos confinados (ver Tabela 1). Esses ganhos estão diretamente relacionados à redução da produção de metano entérico e ao melhor aproveitamento da dieta.

Além disso, a fonte de microminerais utilizada na suplementação mineral também pode influenciar a eficiência alimentar. A inclusão de microminerais hidroxilados Selko IntelliBond tem se mostrado eficaz em melhorar a eficiência alimentar e o ganho médio diário (ADG) de bovinos confinados^1–14, graças à sua alta biodisponibilidade e estabilidade ruminal.

A seleção genética pode desempenhar um papel estratégico na redução da pegada de carbono do gado de corte em sistemas de confinamento¹⁵. Por meio da identificação e propagação de características genéticas associadas à eficiência produtiva, os criadores podem formar rebanhos mais sustentáveis ao longo do tempo.

Em especial, a seleção para melhores taxas de conversão alimentar contribui diretamente para a redução do consumo de recursos e das emissões de metano por quilograma de carne produzida. Ferramentas como os valores moleculares de reprodução (Molecular Breeding Values – MBVs) têm se mostrado eficazes na identificação de animais com maior eficiência alimentar e menor produção de metano entérico^15,17, permitindo decisões genéticas mais precisas e impactantes do ponto de vista ambiental.

A incorporação de aditivos alimentares voltados à redução da fermentação entérica é uma estratégia eficaz para mitigar as emissões de metano em sistemas de confinamento. Estudos mostram que determinados aditivos podem reduzir significativamente a produção de metano entérico em bovinos sem comprometer a saúde, o desempenho produtivo ou a eficiência alimentar dos animais¹⁵.

Além disso, a inclusão de coprodutos oriundos de outros setores agroindustriais — como os grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS), provenientes da produção de etanol — contribui para a sustentabilidade das dietas. Esses ingredientes aproveitam resíduos que seriam descartados, reduzindo o desperdício e diminuindo a pressão ambiental associada à produção de ração convencional¹⁶.

O gerenciamento eficiente dos dejetos bovinos é uma estratégia essencial para reduzir as emissões de metano e óxido nitroso em sistemas de confinamento de gado de corte. Práticas como a remoção frequente dos resíduos, a cobertura das estruturas de armazenamento e o uso de digestores anaeróbicos são altamente eficazes. Estes últimos permitem a conversão do esterco em biogás, que pode ser utilizado para geração de energia elétrica, reduzindo as emissões diretas de metano e, simultaneamente, compensando o uso de combustíveis fósseis^15,17.

Além disso, a reciclagem do esterco como fertilizante orgânico, quando aplicada de forma planejada e responsável ao solo, contribui para a melhoria da fertilidade, aumento da matéria orgânica e sequestro de carbono. Esses efeitos ajudam a reduzir o impacto ambiental total das operações de confinamento, promovendo sistemas produtivos mais sustentáveis e circulares¹⁷.

A adoção de fontes de energia renováveis é uma estratégia eficaz para reduzir a pegada de carbono em operações de confinamento de gado de corte. Tecnologias como energia solar e eólica podem atender às demandas energéticas da fazenda, diminuindo significativamente a dependência de combustíveis fósseis e, consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa.

Além disso, o uso de equipamentos energeticamente eficientes no processamento e transporte de ração pode contribuir ainda mais para os esforços de sustentabilidade¹⁵. A escolha consciente dos ingredientes utilizados na formulação das dietas também é um fator relevante. Estudos mostram que a pegada de carbono da produção de ingredientes varia de acordo com o tipo de produto. Por exemplo, os microminerais hidroxilados Selko IntelliBond® apresentam uma pegada de carbono substancialmente menor em comparação com fontes minerais tradicionais à base de sulfato (ver Tabela 2).

Políticas públicas e incentivos de mercado desempenham um papel fundamental na aceleração da adoção de práticas sustentáveis em operações de confinamento de gado de corte. Mecanismos como subsídios para a instalação de fontes de energia renovável, financiamento para pesquisas em tecnologias de baixa emissão e a criação de mercados de créditos de carbono que recompensem práticas com menor impacto ambiental podem tornar a produção sustentável de carne bovina mais acessível e economicamente viável para os pecuaristas¹⁷.

Ao alinhar objetivos ambientais com benefícios financeiros, essas políticas contribuem para transformar a sustentabilidade em um diferencial competitivo no setor pecuário, promovendo mudanças estruturais e duradouras ao longo da cadeia de valor.

A redução da pegada de carbono do gado de corte em sistemas de confinamento requer uma abordagem integrada e multifatorial. Essa transformação envolve o aprimoramento da eficiência alimentar, o manejo eficaz dos dejetos, o uso de genética voltada para maior produtividade com menor emissão, a adoção de fontes de energia renovável e o suporte de políticas públicas e incentivos de mercado.

Ao combinar essas estratégias de forma coordenada, o setor de carne bovina pode avançar significativamente em direção a sistemas de produção mais sustentáveis, eficientes e resilientes, reduzindo de forma concreta o impacto ambiental das operações de confinamento.